Ela falou sobre o medo de se tornar o Pedro. Sabe? Aquele que sempre fala e se queixa da solidão.
Ela ia todo o dia pro trabalho sem saber se era bom ou se era ruim, e quando queria chorar ia pro banheiro. Ela achava normal. Até perceber que Pedro também achava (acha).
As coisas não são bem assim, foi o que eu falei.
Será que algum dia alguém irá aonde eu for? Foi o que ela me questionou primeiro, e até agora eu não sei responder - talvez porque a pergunta atingiu algo que nunca tinha questionado,
Ela falava sobre querer viver a loucura também. Pensar sobre o mundo.
"Cada um de nós é um universo." expliquei como Raul cantava. Um tempo passou.
Enquanto as pessoas fogem da chuva eu gosto de me banhar nela, ela desabafou. Porque a chuva voltando pra terra trás coisas do ar.
Achei poético o recorte de outra letra do Raul. Intenso. E se encaixava bem na situação vivida.
Mas você se sente uma pedra que sonha sozinha no mesmo lugar. Silêncio.
Acho que exagerei na intensidade do uso das frases do Raul, porque o silêncio permaneceu por um bom e longo tempo.
Ela quebrou o silêncio com uma pergunta: como que essa pedra pode ter dois pés e atravessar a ponte se ela esta impossibilitada de se mover?
Recomece a andar. Tente outra vez. Não diga que a canção está perdida, é de batalhas que se vive a vida.
Raul tocava de uma forma extremamente emocional o problema dela, e de uma certa forma o problema que eu também tinha. Encaixava perfeitamente.
A voz que canta na minha cabeça deveria cantar na dela também. A voz que diz "Você será capaz de sacudir o mundo. Tente."
Estou tentando. E ela com certeza também